sábado, 22 de dezembro de 2012


Manobras de Viajante II


Passeio perante os monumentos rasgando desígnios
do mar de cinzas em que rasteja a salina,
se calcificam algumas memórias
o tempo braveja sem razão o que mal rege,
colocando os dedos na fronte que melhor me escondo
no acordar para as pressões que pedem,
deixando o calibre pesado para os disparos
E de repente tudo volta a ser...
o ar fica rarefeito e o peito se enche de vazio
no que resta de tanta labuta.

Como é [horroroso] simplificar os contrastes
sacrificar as tonalidades vivas ao negrume do medo
saltar os olhos aos corcundismos e aos clarões
a satisfação de se ver vencido pelo carrasco
entregar devaneios aos que pedem
chegar ao topo sem aparente esforço

Trânsito entre estradas remotas é relativo
tanto quanto reconhecer as rotas
do mesmo caminho impactar-se sem o quê
pouca coisa é interessante
esses maremotos, convulsões,
fazem às vezes o papel de profetas

Anseio pela multidão assim como outra
[pessoa, lugar ou sensação reflexiva]
assim mesmo, desencontro
olhar distante rumo ao centro da praça
rumo ao labor desencontrado
aquelas caras guardando pessoas
e nem observo os contornos

Tenho medo dos lados, possível falta
não sei se na causa ou efeito
desvencilharão conceitos
ou murmúrios ardentes
de amiga só sei da natureza
que a continuidade não permite
arroubos de juventude,
pois entre arbustos não há paixão

Passível de faltas no trajeto
falham até as próprias pernas
em sinal de caridade
nessa louca imagem,
nessa ínfima ação

Tudo conhecido
o que entre pessoas é pacto,
para nuvens é marasmo
respaldado em sonho
paralisante...
pois o deslocar nem sempre transgride
as coisas feitas para atrair atenção
e o amável sabe onde achar
sem depender de espaço
as referências

Nem é preciso sair
para ascender em pulsão
encontrar vestígios de alguém
que está em largo baú
do acaso que flertou
com o desejo de ver as coisas a passar

Eu já contei os postes
Eu já cortei imaginariamente os objetos
as lâminas da janela açoitavam
eu tirava do porvir a infância
do carro em movimento
ia tirando as abas
do que me afastava das delícias do prazer.

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