Por
várias e várias vezes busquei no meu sobrenome outro sujeito
Quantas
pátrias há dentro de mim? E de quantas machadadas morrerão as coisas que
guardo? Se penso em desfrutar a simplicidade, vem os acontecimentos complexos
(como tu) e me tiram do eixo, meio que arando novos lotes no mesmo terreno. A
custo cumpro as decisões dos juízes que, totalmente sensíveis à causa, erram
nas suas sentenças e acórdãos. A rigor, sinto em demasia as ausências, logo estas
que não compreendem os limites estipulados pelas convenções, sobretudo as de
caráter afetivo. Devido às arestas é que me humanizo pela dor, pela congestão
sentimental que me força a reinventar a maiorias das coisas que conheço. Pelo
simples tilintar de chaves eu renovo o sopro ( sei que daria muita coisa em
troca de segredos alheios para substituir os meus).
Por várias e várias vezes busquei no
meu sobrenome outro sujeito, tentava e tento acalmar os desejos soltos em busca
da libertinagem para encontrar os pecados mais sadios. Na maioria das vezes, a
sensação do tempo me vem como um grande desperdício de energia, mesmo sendo esta o motor das engrenagens que movem os vigorosos encontros.
Sabedoria de vida é um mergulho sempre para dentro, é um querer enfrentar
aventuras e constituir marco-zero...
Evoco os vários
símbolos que remetem a minha identidade; e que estranho! Eles sempre adquirem
um tom sobrenatural, todos eles buscam pessoas que talvez nunca voltem. Simples
assobio na chuva... esse movimento de lábios que presume e imita os beijos
dados, que rebuliçam as memórias. E nos dias de sol muita coisa parece
tristeza, é tanto contraste, são tantas coisas bonitas a bombardear as minhas
retinas que não saberia agarrar os sóis do universo. Vês que não minto? Saudades
são anônimas quando não se vive de fato; já quando se ama os pesadelos molestam
os nervos, são fantasmas que deixam de habitar objetos inanimados. Muitas
pessoas chegam ao meu convívio à espera de provas; outras nunca virão, porque
juras e dívidas só são válidas se forem de alma. Outros tipos chegam com uma
intenção contratual, querem me prender por deveres dos quais não valorizo
(esses me abandonam muito mais rapidamente).
Por várias e várias vezes busquei no
meu sobrenome outro sujeito, e o engraçado disso tudo é depender colossalmente da
repercussão das minhas ações, muito embora tente dissimular o poder das
influências externas na feitura de mim. Sou ser monumentalmente sem respostas,
muito embora encharcado de perguntas. Venho dos grandes
questionamentos, desses que predizem maravilhosos prodígios. E quanto a ti,
amor atemporal, estou contigo na paixão, no bem querer e na amizade, porque aí
reside o meu inteiro devotamento.
Por várias e várias vezes busquei no
meu sobrenome outro sujeito, queria alternativas que me fossem dadas por
reluzentes oráculos. Dessa massa de procura é que sobra o pouco que
maciçamente me constitui: a possibilidade.