Poesia
Amiga
Nesse momento eu fujo para dizer:
Minha amada, não me deixe!
Vivemos tantas coisas juntos,
Me despi tantas vezes,
Me vi acuado tantas vezes;
Mas surgia você a me salvar,
E endireitava os nós da vida.
Minha pequena, não me acovarde,
Não quero paralisar os ânimos-
Isto seria o fim de vários eus.
Se chegar a me faltar, que seja de vez!
A dor chegará em ato total,
Talvez mais humana,
Talvez mais sensata;
Mesmo assim o véu cerrará os ditos,
O meu passado sem eira nem beira flutuará-
-nos confins da história sentimental.
Não escrevo a título de manifesto,
É apenas um pedido de amigo,
Um simples apelo-
-De quem não vê muitas coisas em cristalino
É um pedido de menino,
Uma bandeira leal hasteada,
De quem anseia fantasticamente,
De quem borda com sutilezas
As linhas do disforme mundo.
Poesia, companheira,
Pegue em minha mão.
Se acaso parar em alguma estação,
Pare comigo.
Pretendo dar boas razões para que continuemos
Confio em nós, creio na vida
E, mesmo que a metamorfose cesse,
Lapidados estaremos,
Mais vivos e amigos,
Encantados,
Com alegria,
Com Deus,
Na luz de quem se
busca.
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