Dia das Mães
Sabe quando aquele
conselho faz toda a diferença? E quando aquela má notícia é
amortecida pelo jeito solente e carinhoso do amor materno? Pois é,
minha mãe traz todos os elementos necessários a contação de uma
boa estória, ou seja, ela resume toda a história que é vivida e
repassada para os seres que lhe são próximos e estimados. Por que
focar apenas em uma, ou deixar escapar algumas matizes da sua
personalidade? Ser mãe é um estado humano sempre inacabado,
renovado cotidianamente pela dinâmica da vida, que de todos exige um
pouco de malabarismo. Admiro a minha mãe em tudo, a começar pelos
seus lindos olhos verdes, principalmente quando impõe o olhar
cintilante, fazendo um gesto de repreensão e deixando enrugada a sua
testa. Amo-a pelos seus defeitos ingênuos, que de tão simples,
tornam-se caricatos e marcantes. Sou condicionado a reverenciá-la ad
infinitum, uma vez que o seu amor também o é. Como pagar com
indiferença o carinho mais sublime que podemos experimentar? Por
tudo isso e muito mais (o amor sempre transborda), também tenho um
carinho especial por todas as outras mães. O sentimento é
universal, cabendo apenas algumas mudanças estritamente
necessárias... É uma necessidade númérica, não há como apenas
um ser humano exercer a digníssima tarefa materna com a qualidade
mímima. As mães crescem em progressão aritmética, enquanto os
filhos catalisam-se em crescimento geométrico (Malthus já falava).
Quem quer ser bom filho deve exaltar onde puder a magnificência da
sua mãe, resgatando nas memórias afetivas mais distantes o conforto
de saber-se amado. A minha mãe supera as classificações;
quixoteana em essência, espera apenas sonhar o seu mundo e
dividi-lo. Não posso dizer mais do que isso pelo simples fato de
escrever esse texto em pura e flagrante contradição: o verdadeiro sentimento é dado em segredo.