quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Sabores servidos sobre nós dois


Aceito a ideia, vivo os motivos.
Tateio em meus poros a não convivência.
Compenso tudo em flashes,
E quão doces alguns deles são!
O não morrer guardado no cérebro,
Entrelinhas de um gostar fronteiriço.

Beirando o tédio de ti é que assento;
O carinho é um baú de muitas chaves.
Algumas vezes pensativo, sofro.
Há um prazer em te dominar.
Porém o amanhã me reanima,
E deitado, te deixo voar.
Voa, pardalzinha!
Tantas entre mim beliscarão,
Os meus sentidos mais secretos.

Mas se um dia eu descansar, pardalzinha!
Saberás que foi ali que mais te amei.
Saberás que os verdadeiros sopros são beijos inacabados,
Embora nem sempre redemoinhem.

Não mudarás!
Mudarás?
Possivelmente.
O bom sente, todos sentem...
Assim é que de tudo se apropria,
Da dor e das alegrias fugidias se constroem cata-ventos.
O amar é cada um em outono e primavera,
[é carne comida por vegetarianos]

Ameaça


Não te olho, não suporto,
Porém em vão marejo os olhos.
Algozes são os que não entendem-
Os paradoxos humanos.

Até o sorriso cínico é bonito.
Passa o tempo e a matéria renuncia.
Das povoadas sensações enamoradas.
O teu brilho na face é atraente, mesmo tenso.
Em restos vou saboreando a vitória,
Pois dessa batalha levo experiências,
É o amor, jogo de soma zero.

Não nutro ódio porque não caberia.
Como enrugar o coração com indiferença?
Seria até mais brutal me apavorar com influências.
Vou pecando pela dimensão cênica.
Ator calejado racha a alma de saudade.

Optar pelo bem viver é a melhor decisão,
Porque a solidão que cria a crosta,
É a mesma que protege.
A melhor solidariedade é ser feliz,
Torcer para que a leveza contagie,
E os dias não sejam pesados,
Socos paralisantes.

É clichê, mas o fato é que te carrego.
E com boa vontade é que guardarei você,
Bibliotecário de livros empoeirados.

É pelo progresso que a vida ensina,
Nisso eu me conforto.
Saberei reconhecer a beleza,
O natural das coisas sóbrias,
Usar o excesso apenas para explicar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


Cântico do Prudente



Escoando, caindo em desuso...
Assim segue o carinho que ainda nutro por ti.
Segue incólume o meu sentido,
As minhas dúvidas e cognição.
Nosso mal é correr os campos,
Descer ribanceiras, subir rio e rua,
Atacar a nossa razão prudente,
E mesmo assim esbarrar no coração.
Vejo quem só te conheci quando nua- raros momentos.
Fisicamente, aliás, não em espírito!

Me ajude a perceber, deixe mais nítido.
Agradecerei pelo favor final.
Te amarei  dessa forma... de outra forma
-Sem invenções ou murmúrios.
O que mata é o não recomeço
-porque-
Das artimanhas da vida, aprender é atitude da qual mais me enobreço.

sábado, 9 de fevereiro de 2013



Catequese


A primeira missa realizada foi em mim,
Chorava, refletia e me distraía com as imagens.
Cantava na liturgia e encantava o menino ao lado.
E como choram esses meninos corados!

Os meus olhares eram rebeldes como eu era.
O mundo interior era repleto de visões desencontradas,
Que só encontravam pouso na Eucaristia.
A seiva branca da hóstia suplantava as beatas- que,
Caladas em sua prece, sussurravam fofocas fúnebres.
Só eu sei da doçura desses domingos de graça,
Em que saía leve pra pecar!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Justaposição


Os gestos, quando soltos em segredo, aproximam
E desatentos são os que não o percebem em sua ingenuidade...
Um casal nunca está só,
Eles ritualizam sacramentalmente,
Os momentos são cheios e eles também
Não há nada que sobrecarregue tanto a memória,
Os dias descortinam outros, que se perdem e se reavivam
De geração em geração, os sentimentos encasulam pessoas...
Vez por outra é a causa que insiste em persuadir.

Mas só de relance os carinhos se extinguem
E as lágrimas vão em vão- e voltam
Não mais existem sem os sofredores
E se eles a rejeitam em sua frágil felicidade-
Ela torna a recompor...

Mas os calores da alma excedem os do verão,
Eles são indícios da permanência
E que bela questão essa da imortalidade!
Que me faz beliscar o amor mesmo quando “só”