Mogno Viver
Móvel de canto,
Sua simples presença já diz muito;
Estratégia de vida é não incomodar.
Houve tempo remoto,
Muitas pernas desavisadas
Em ti bateram, com razão de esbravejar.
Hoje, porém, suma tragédia,
Ilusão sua no permanecer;
Apaticamente sobrevivente,
Lá no quarto andar do Edf. Marine,
Muitos te tomam de cabide,
Quando não, de apoio a copos;
Que fim este...tão vil!
Enciclopédia da decadência.
Alguns não entendem,
Só que há movimento na estática coisa.
Dona Laura já pensa em desfazer-se do engodo;
Antiquário acertado e tudo mais,
Depois de décadas servindo à família Moreira.
Pinho de cor embrutecida,
Jovializará suas feições com segredos.
Sementeira de outros sonhos,
Caberá a outros estandartes,
Decidir seu testemunho.
Quem sabe a poeira não camufle os riscos,
E um desavisado comprador ache
Proveito ao reciclar.