Aprendi
a desenhar nos sonhos a medida de quase tudo
Não superei os insucessos
De todos os caminhos traçados
Atolei-me no alheio querer,
No esnobe do olhar, na boca de pedir
Equiparei o meu medo das portas
À maneira extravagante dos pecados
Fui tudo que pude, materialmente a ver,
Sem saber que pelo atrito, morria o agir.
Não fui pelos meus dedos o tato;
E o brilho desfez-se com tal maestria;
Era o imaculado ardor jovial,
Simples conteúdo do fato;
A grandeza que tinha em demasia;
Suficientemente para calçar mil pés;
Tudo hipoteticamente dependente;
Um movimento vital bastava,
Mas era ingênuo, anormal,
Sensível para eterno revés;
Calvário meu, tudo em gente.
A lucidez veio em figura esguia,
Cobrando contas altas demais,
Da fantasia retirando parcelas
Contrariando sentença que se lia,
Sendo, porém, incapaz,
De omitir as coisas belas.
Oniricamente, sou o que alivia;
Frio para tudo enquanto disforme,
Pérsia em meu íntimo, tão minha!
Saudável em sua calmaria,
Não apenas a noite dorme,
Eu também, pleno de tudo, em terraços,
Cosendo com formosa linha-
-Universo transfigurado em paz;
Sou tenda a abrigar abraços.