quarta-feira, 29 de outubro de 2014

"Quatros pernas entrelaçadas retêm mais vida,
Que, compartilhada, é muito mais que horizonte.
Da nossa varanda as mãos criam asas,
Tocam as memórias e o instante como polaroides-
-Revelam fotos sóbrias e belas.
A imaginação é o discurso do nosso amor,
Não precisa de vazios.
Tudo é dito pela flecha do desejo:
A densidade do eterno.
Tal qual a seiva vegetal,
O bem querer deriva de cicatrizes;
São marcas de escolhas...
Singeleza das árvores mais velhas."
"A sua alegria melanina adoçou meu coração albino."

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Peregrino


Alegremente passeei
A dois fiz fantasia,
Jogando açúcar e sal
Parecia que o mundo se abria
Era muito mais do que viagem
Eram tantos os fardos,
Alforges de mim pesados
Eram cores singelas
Senti em seus afagos a doçura,
Estanquei com frágil atadura,
Errando a porta entre tantas janelas.

Coisas banais a contragosto
O ditado quase sempre vivido
Patente de capitão consegui;
Não era muita coisa naquela época,
Mas sem querer o que havia,
Tive os sonhos que pude
.
.
.

Não diria que padeci em absoluto,
Ao certo, senti várias espécies de horrores
Confesso que caí sem ter morrido
Se fosse somente para estar ali,
Seria o dono da capitania
Padeci em teia de convenções,
Amolando a faca que matou duas gerações de mim

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Pobre Rima Rica



Esta tarde tão quente e curta
Não incomoda a pedra filosofal.
O ego apenas toma uma forma oval...
Nem vontade sinto de escrever esse poema.

sábado, 23 de agosto de 2014



Curioso é arder em chamas quando
o extintor a poucos metros está.
Camões, desilusões, paixões, razões, contradições:
Sentimentos são cenas de Lisbela,

Serei eu o prisioneiro?

domingo, 17 de agosto de 2014


Essa linha opressora do meio fio,
Branca e impassível,
Não sei se deliberadamente
Oprime-me.
Ao ser referência,
Impede-me.
Hora qualquer- talvez cinzenta

Vou ser notificado por imperícia.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014


Não preciso gravar em árvores nossos nomes,
Pois a seiva que delas escorrem já são minhas memórias.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014



Anda-se suave e livre quando em paz.
Pesada é a alma presa em Alcatraz.

domingo, 10 de agosto de 2014

Passo pela tua sacada sempre que posso.
Por saudade ou hábito, não resisto.
Um belo dia me reconciliarei:
Carregarei algumas das tuas flores,

Farei da minha vida algum jardim.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Sensations


Flashes da infância, gosto de frutas.
Cheiro de lavanda mansa.
Vozes que abrandam.
Anúncio de chuva,
Banho gelado tocando a epiderme solta;
Lembranças de campos floridos,
Cenário de filme já visto.
Olhar perdido sem razão,
Bonito por nada dizer.
Moça que passa.
Crianças gritam.
Monótona paisagem,
Fazendo bem ao esvaecer.

Perdido.
O silêncio.
A solidão.
Belezas em mim.
Instantes,
São privilégios,
Fugas.


Estou no jogo.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Mogno Viver


Móvel de canto,
Sua simples presença já diz muito;
Estratégia de vida é não incomodar.
Houve tempo remoto,
Muitas pernas desavisadas
Em ti bateram, com razão de esbravejar.
Hoje, porém, suma tragédia,
Ilusão sua no permanecer;
Apaticamente sobrevivente,
Lá no quarto andar do Edf. Marine,
Muitos te tomam de cabide,
Quando não, de apoio a copos;
Que fim este...tão vil!
Enciclopédia da decadência.

Alguns não entendem,
Só que há movimento na estática coisa.
Dona Laura já pensa em desfazer-se do engodo;
Antiquário acertado e tudo mais,
Depois de décadas servindo à família Moreira.
Pinho de cor embrutecida,
Jovializará suas feições com segredos.
Sementeira de outros sonhos,
Caberá a outros estandartes,
Decidir seu testemunho.
Quem sabe a poeira não camufle os riscos,
E um desavisado comprador ache
Proveito ao reciclar.


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Lugar Comum 




O avelã dos teus lábios,
Na construção de etéreas luzes;
Mecanismos de ação: os seus beijos
Trazendo-me pesarosos segredos.
Nunca dantes navegado,
O seio do meu querer oceano;
Essa força maior, ventania,
Jogava-me contra as pedras: tua direção.


Fortaleza maior é emergir-
É quando o fôlego sobrevive,
E os revezes calcificam certezas.
Minha solidão é prova viva,
Nada mais que isso [embora muito]
Por ter presenciado quarentena nossa.
.
.
.
Falei de ti coadjuvantemente,
Embora não pareça.


O porvir é incerteza.
Meu caminho, tortuoso.
Trilhar em pé e fortemente,
À procura de vigor íntimo.
Qualquer variável a considerar;
O bem estar saciado,
E o meu desejo contemplado,
Assim esperando terminar.


Pressinto em minhas carnes,
A sucção de boas seivas,
Tudo converge à reconstrução.
Essa nuvem de expectativas,
Nada mais é que intuição-
Maravilha restante de ressaca amorosa.


Hoje tive um prenúncio;
Uma folha pequena-
Levemente trazida, veio a mim.
Quem dera trouxesse respostas,
Quem dera amenizasse.
Somos Iluminados pela mesma luz densa,
E um sussurro de paz acalenta-nos nessa praça.
Essa noite está tão fria...
Eu sigo.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Aprendi a desenhar nos sonhos a medida de quase tudo


Não superei os insucessos
De todos os caminhos traçados
Atolei-me no alheio querer,
No esnobe do olhar, na boca de pedir
Equiparei o meu medo das portas
À maneira extravagante dos pecados
Fui tudo que pude, materialmente a ver,
Sem saber que pelo atrito, morria o agir.


Não fui pelos meus dedos o tato;
E o brilho desfez-se com tal maestria;
Era o imaculado ardor jovial,
Simples conteúdo do fato;
A grandeza que tinha em demasia;
Suficientemente para calçar mil pés;
Tudo hipoteticamente dependente;
Um movimento vital bastava,
Mas era ingênuo, anormal,
Sensível para eterno revés;
Calvário meu, tudo em gente.


A lucidez veio em figura esguia,
Cobrando contas altas demais,
Da fantasia retirando parcelas
Contrariando sentença que se lia,
Sendo, porém, incapaz,
De omitir as coisas belas.


Oniricamente, sou o que alivia;
Frio para tudo enquanto disforme,
Pérsia em meu íntimo, tão minha!
Saudável em sua calmaria,
Não apenas a noite dorme,
Eu também, pleno de tudo, em terraços,
Cosendo com formosa linha-
-Universo transfigurado em paz;
Sou tenda a abrigar abraços.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Cyber Sibéria


Dança comigo, doce bailarina dos bytes cibernéticos,
Pixels de um sentimento sem fim.
Até onde a tua carne me apregoa o medo,
Quando o que vejo em ti é misto de desejo e segredo;
Fontes de um apegar-se a mim?

Canções digitais não suspendem a última voz,
Pois faceiro em si mesmo é o sangue, que escorrendo,
Inunda o meu ser e a vida inteira;
Razão de tudo é o mistério que nos domina, desafia;
Que, pondo em xeque a certeza defendida,
Tira da inércia um ser amedrontado, mente doentia;
(Não sabe amar nem tentando ser poeira)
.
.
.

Queria eu achar uma relação de braços dados;
De home pages distantes ou de corpos aglutinados;
Que diferentes e a seu modo, me fizessem vivo;
E na sua inteireza e complexidade, com todos os seus pecados;
Colocassem-me em posição de guarda, a espreita...
O sentido morre e renasce,
Sempre há rumores estraçalhados pelos neurônios indiscretos.
Cabe resistir, porque as energias fluem,

Procurando dar abrigo e felicidade àqueles que se deixam.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Poema & fragmento



"Energizei-me de vontade, 
Fui envolvido por um coro de vozes.
No seu vistoso equilíbrio, pediram-me
Pareciam querer dizer que há sempre beleza,
Que as ilusões são como filmes da sessão da tarde."