sexta-feira, 19 de abril de 2013




A Madrugada



O que vi hoje me machucou de tal maneira,
que por um momento achei que fosse o fim.
Pensamento egoísta que deságua em mim.
O passado em branco que de nada interessa.
Procurei mil razões no flagrante,
Insisti em desabitar o amor que reside,
O olhar no instante me cegou de repente.
Há um abismo entre nós, minha querida.
Saberei eu lidar com tudo isso?

No final das contas, ninguém errou,
Pulamos as fases por orgulho,
Das muitas palavras que sobraram.
O amor ficou intacto.
Dos meus caracteres que restaram,
Tive que ressurgir em mergulho,
Sabendo que muita coisa passou.

Inocentes somos nós, que machucamos,
Esperando repreensão feroz.
Na tensão da coerência,
Tecendo no outro a ciência,
Do que buscamos em nós.
Haverá uma noite em que não te procurarei,
Nesse dia, resplanderei para o céu de saudade,
Que é o descanso de quem muito ama.



Poesia da Noite Entristecida

Singela escuridão que me apavora,
É medo que chega em matéria
Convulsão de hora em hora
E triste é quem quer mandar na vontade,
Pois o amor vem e ultrapassa a necessidade,
Deixando a solidão como bactéria.

Vou tinindo como 'baliadeira',
Caça mirada, esperando companheira
Refluir de sensações em noites brandas
Contato combinado com distância,
Chega até a ser deselegância,
Cantar e não formar cirandas.
É um cantar penoso de dor, calejado
Porque o amor quando prensado,
Engole a alma que o mede
O querer bem que nada pede
É a marca que sempre vale.

Vou merecendo tal proceder,
Porque o orgulho que nada vê,
Um dia disse que não sofreria
Quis o claro, não o dia,
O amargo na satisfação
Eis a minha condição,
Da labuta incandescente
Falo e sinto como toda gente,
Porém vivendo mágoa minha.

Na alcova, choro miudinho,
Vergonhoso de tal situação
Querendo ficar no instante,
Como estória mal contada,
De maravilhas desabitadas,
Em sonho te aprisionando,
Porque o certo é caminho tortuoso,
Pois o apaixonado é tinhoso,
Carecendo de conselhos dos mais velhos.
Carrego duas arrobas de você,
Em sacos mal amarrados,
Com medo de ficarem cheios,
Vou tentando te esquecer.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Pela Liberdade. (Por mim e Raphael Bezerra)

Cansei de pensar pelos outros,
de repetir frases "nobres", à revelia.
Quero o que é meu: 
às sombras e falhas e vícios sublimes.

Quero exorcizar a cultura, a rima, os tons
E quero, enfim, me ver livre de mim,
da seiva que brota o medo de ser feliz.

Vou cantar à mãe Vida, a terra escura
que na poesia e na morte nos defende e sussurra:
Nos dê a liberdade, mas não para nós.
Livre o canto da natureza das garras do Eu
 .